quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O outro lado

Acordei hoje com a tua ligação. Não sei o que mais me incomodou, se ter sido acordada tão cedo - as sete - ou por ter sido você. Por mais que me esforce, que tente esquecer-te, respiro-te dia-a-dia, tornando-se impossível afastar-te de mim. Estás empregnado no meu ser e sei que há algumas vezes em que me sinto sufocada com tua presença, por isso choro. Meu choro é o único meio que encontro de certa forma, livrar-me de ti e excluir-te de minhas entranhas, mesmo que temporariamente, mas isso me é um alívio. Me sinto em carne viva, embora nenhum ferimento real esteja em minha pele, apenas o que me causas a alma. Diante de ti sou apenas uma menina que precisa de colo e de consolo, pois aquela fortaleza que encobre meu ser é tão facilmente por ti destruida. És minha nudez indesejada, és sexo sem desejo e sem amor, és meu beijo sem paixão... És furacão devastador que consegue tranformar-me em nada. És o que devasta minhas crenças, és o que em mim não tem mais esperança, és o que eu titubeio em aceitar, és o que aniquila o mais profundo do meu ser. És meu silêncio e meu grito, meu choro e meu riso, és partida e saudade, és o que falo e também o que calo. És meu abrigo e meu cansaço, minha infância e o que eu nem me lembro... És o tudo e decididamente o nada. Quisera ser forte o bastante e poder olhar-te de frente e dizer-te que já não mais és causador de sofrimento, de medo, de choro, nem de saudade... Que não me preocupo com tua presença, que não me incomoda saber que estás dentro de mim e que sou capaz de saber lidar contigo, te usando exatamente como me usas, exatamente como me feres. Porém és mais forte do que eu e ainda não consegui lidar com tua presença, mesmo sabendo que és mais um passageiro no meu vagão. Estás do meu lado, embora te odeie na maioria das vezes, não posso me separar de ti. Talvez o tempo, o amadurecimento me deêm a compreensão e eu aceite de uma vez por todas que você faz parte de um dos extremos de minha vida. O dia vem chegando ao fim, a noite cai novamente e eu consigo com muito choro te exorcisar, me alivia a alma e eu adormeço. O sol nasce e pela vidraça posso ver que o dia começa e eu sinto novamente vontade de sorrir. Mesmo sabendo que és o outro lado de mim, mesmo sabendo que ainda estás aqui: MORTE!

Um comentário:

redatora Mireille Almeida disse...

UAAAAAAAAUUUUU!!!!
Tavas muuuuiii inspirada, hein?!!
Simplesmente lindo o texto.
Quem te inspirou desse jeito, hum??? Ah, o amor...aiaiia.
Bjaooooooo