segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"O poço"


Buscando algumas respostas as vezes nos deixamos levar e acabamos por parar no fundo do poço. Um poço escuro chamado: EU. Não sei ao certo como se vai parar ali, mas sei que muitas vezes se permanece por longos períodos. Não existe bom ou ruim, certo ou errado, neste caso. Talvez seja uma maneira de punição ou apenas para livrar-se de alguns intraves, molduras, rótulos e até mesmo tabus. Descobre-se que nada é nosso, tudo muda a todo instante. E as coisas mudam a cada segundo, querendo ou não, estando ou não, participando do mundo lá fora ou não. Mas existem apostas, joga-se as fichas aqui ou ali. Pode ser a escolha mais acertada - ou não. Mesmo errando, são feitas as apostas e o resultado - certo ou errado, só sairá lá na frente. E por escolha "o poço" continua sendo habitado, ali não tem frio, não tem medo, pelo contrário, é proteção. Talvez seja esse o encanto do poço - proteção. E viver ali, é tranquilo, não existe divisão de intimidade, de tristeza, de choros, e nem tão pouco de saudades.

Talvez existirão muitas perdas ou quase nada, o tempo continua a girar, embora possa parecer que o relógio tenha diminuido a velocidade dos ponteiros. Ali o tempo não passa, mas isso não faz diferença. Mas de repente, ao olhar para cima, percebe-se que a porta do poço está aberta e que o céu está lá, ele continua lindo, muito azul e que o sol, mesmo na sua ausência continuou a brilhar. Ao dar-se uma chance - uma segunda chance - será possível escalar as paredes e ver o que tem de novo e o que já virou passado. E nesta busca pela liberdade, não sobram amarras e nem algêmas. A segunda chance bateu na porta e trouxe num sopro de esperança o AMOR. E o amor não obedece a razão, acontece por empatia, por cumplicidade, por conjução estelar. Ama-se pelo cheiro, pelo jeito de rir, pela paz que esse outro pode trazer ou pela grande tormenta que pode provocar. Ama-se pela desordem que coloca na nossa vida, uma desordem boa. Ama-se pelo tom de voz, pelas diferenças - você gosta de praia ele tem alergia a sol - e pelas referencias - faz e diz sempre a coisa certa no momento certo. Ama-se pelo jeito de beijar, pelo jeito de abraçar e até mesmo pelo jeito de provocar e brigar. Ama-se pelo toque da mão no pescoço, pelo abraço, pela mão na cintura, pelo olhar de atenção, pelo telefonema e pelo cuidado e preocupação. Ama-se pelo bom humor, pelo sexo, pelas noites dormidas juntos, pelas semanas longes que acabam no reencontro. Ama-se pelo sentimento. Ama-se pelo fato do amor não ter definições. Ama-se o SER que transforma a vida, fazendo com que o poço seja apenas uma lembrança muito distante que não combina em nada com a situação atual. Não existe explicação e talvez nem precise de nenhuma delas. As forças são as mesmas- indo ou vindo. O amor é o mesmo - amando ou sendo amado. Sentimentos se confundem e se encontram - mesmo o de amor e ódio.

Feliz o HOMEM que pode chamar uma MULHER de sua... Não pelo sentimento de POSSE, mas por ela não querer ser de mais NINGUÉM.

Feliz a MULHER que pode chamar um HOMEM de seu... Não pelo sentimento de POSSE, mas pela certeza de que o amor dele é seu e de mais NINGUÉM.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, obrigado pela visita e, ao vir retribuir, me deparei com um post muito interessante... Parabéns pelo texto, acho que o poço é um lugar bom, onde extraimos o melhor de nós mesmos, pois no fundo do poço, refletimos sobre nossas vidas e escolhemos ficar ali ou não, mas também não podemos julgar, pois nem sempr é tão simples sair deste fundo, as vezes precisamos de alguém lá em cima, para nos mostrar que ainda vale a pena ver o dia nascer novamente... para termos todos aqueles sentimentos que descreve no final de seu texto. Muito bom, curti o poço. Obrigado pela visita e volte sempre... Estou um pouco afastado devido a concursos que estou participando, mas em breve voltarei... felicidades

Ana Karenyna disse...

Adorei o texto, que me surpreendeu com um final tao doce e tao objetivo. Voce falou tudo, "nao pelo sentimento de posse". E ao chamar meu namorado de "meu" e ouvir um "minha" constantemente eu sinto exatamente isso que nao conseguia traduzir, me encontrei nas tuas palavras. Parabéns!
Quanto ao jeito certo ou errado, que história linda estais vivendo eim? muita felicidade viu? senti daqui o cheiro de coisa boa! =)

Ana Karenyna disse...
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